22 de novembro de 2010

SERIDOENSE PERDEU VISÃO DE UM OLHO E ACUSA POLICIAIS DE CARNAUBA DOS DANTAS


Um laudo entregue na tarde da quinta-feira à 3ª Companhia Independente PM em Currais Novos atesta: o serigrafista Fernando Mendonça de Moura perdeu a visão do olho esquerdo. Ele acusa dois soldados PMs Francimar Arimar da Silva e Glécio Alves Dantas de o terem espancado no dia 1º do mês passado, na cidade de Carnaúba dos Dantas, a 219km de Natal. O inquérito policial militar (IPM) que apura o caso deverá ser concluído na próxima semana.

O diagnóstico de perda de visão, segundo a vítima, foi dado no último dia 8 pela equipe médica do Hospital Universitário Onofre Lopes, em Natal. Fernando Mendonça afirma que seu olho esquerdo sofreu deslocamento de retina, traumatismo do cristal e ainda uma hemorragia interna. “Por causa disso, os médicos disseram que nem mesmo um transplante poderia restaurar a saúde desse olho”. Mesmo com o prontuário médico apontando a perda, o promotor Wendell Bethoven, da promotoria de controle externo da atividade policial, pediu que fosse feitoum laudo pericial pelo Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), em Natal, testificando. Com o documento em mãos, o serigrafista o entregou à 3ª CIPM.

O tenente PM Denilson Quirino, que preside o IPM, afirma que é preciso ouvir ainda mais uma testemunha, o que deve ocorrer na próxima semana. Então, se não houver mais necessidade de colher o depoimento de outros, ele encerrará o inquérito e o remeterá ao Comando Geral PM. O oficial não quis se pronunciar quanto ao conteúdo das investigações. “O IPM é sigiloso e não podemos falar sobre ele até a conclusão. Porém, o comandante, ao recebê-lo, poderá, se quiser, dar explicações”.

Ele ressalta que essa é uma fase de reunir informações “e que é cedo para se fazer qualquer julgamento, condenando ou não os policiais”. Ele informa ainda que ambos foram afastados do destacamento de Carnaúba do Dantas, onde estavam lotados, estando agora um em Currais Novos e o outro em Parelhas.

Fernando Mendonça acusa os dois soldados de terem feito uma abordagem truculenta contra ele, quando voltava de uma festa e, bêbado, acabou se envolvendo em uma discussão, na madrugada de 8 de outubro. “Quando os policiais chegaram, já foram correndo para cima de mim. Me assustei e comecei a correr.

Eles então atiraram. Fiquei ainda mais assustado. Só que, bêbado, acabei tropeçando e caí no chão, já desmaiado”. A vítima alega ter ficado desacordada durante o espancamento. No entanto, um vizinho, que teria assistido à agressão, disse-lhe que os policiais o algemaram e bateram nele várias vezes. Ele ainda foi detido e só teve atendimento médico na tarde daquele dia, o que pode ter agravado a lesão no olho esquerdo.

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