12 de abril de 2011

COLUNA: NOSSOS TESOUROS “QUASE” PERDIDOS Autor: Luiz Carlos Jafelice

Antes de mais nada, desculpem-me pela ausência sem aviso prévio. Minha última coluna foi em novembro de 2010. Vários compromissos – felizmente todos positivos – me impediram de manter esta coluna.

Por causa desses compromissos, que se estendem ainda, pensei em parar de escrever esta coluna. Além do impedimento de tempo, na verdade eu não sabia se, de fato, havia gente interessada no que eu escrevia.

Minha surpresa foi grande quando Anderson (Juquinha) me disse que lamentava que eu parasse com a coluna, porque leitores haviam sentido falta e perguntado a ele sobre ela, em particular educadores. Diante desse tipo de retorno, repensei minha posição e decidi continuar com a coluna por mais algum tempo. Assim, aqui estou, continuando nossas reflexões em educação e cultura. Agradeço o apoio dos leitores e educadores.

Assistimos hoje, no mundo, muitos acontecimentos tristes, sejam devido a fenômenos naturais – como o terremoto e o tsunami no Japão –, sejam devido a ações humanas – como a guerra na Líbia e Oriente Médio.

Essas culturas, tanto a japonesa como a árabe, são diferentes da nossa cultura ocidental em muitos aspectos. Somos todos pessoas, seres humanos. Neste sentido, somos todos iguais. Mas, em termos culturais, as diferenças são diversas e podem ser muito grandes.

Se formos olhar de perto, até entre Acari e Carnaúba dos Dantas há diferenças culturais. Imagine entre o Ocidente e os povos não ocidentais!

Os povos não ocidentais são muitos. Há, entre outros, os orientais, africanos, aborígenes australianos, esquimós, bascos, indígenas sul-americanos, indígenas norte-americanos e, é claro, os indígenas do Brasil.

Felizmente, muito da cultura não ocidental está aqui entre nós, misturado com nossa cultura brasileira, ocidentalizada. Aqui em Carnaúba mesmo, vários dos conhecimentos que os profetas daqui têm, remonta a origens indígenas brasileiras antigas, de antes do descobrimento.

No parágrafo anterior escrevi “felizmente” porque riqueza cultural é crucial para nossa saúde da alma. Nos tornamos mais sábios e tolerantes se dispomos de diferentes modos de enxergar as “mesmas” coisas.

Por isto é preocupante quando uma cultura tenta se impor sobre as demais. Nas últimas décadas, a cultura norte-americana, uma cultura ocidental de forte teor capitalista, tem se intrometido em culturas alheias – alegando intenções nobres, enquanto esconde, amiúde, interesses próprios.

Não se deve aceitar tal intromissão. Embora as culturas são abertas e trocas e transformações ao longo do tempo sejam o natural para elas, isto não significa acatar imposições ou influências de cunho ideológico como se fossem meros atritos interétnicos e trocas culturais saudáveis comuns.

Por isto é essencial valorizarmos a cultura local. Isto implica valorizarmos quem a cria. E aqueles sem instrução formal – mas com muita sensibilidade e experiência de vida – costumam dar contribuição central para a sabedoria de vida, a relação com o meio ambiente, o acolhimento de diversidades de todo tipo, cor, sabor, riqueza verbal, aroma e sonoridade.

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