3 de agosto de 2011

EDUCAÇÃO DE CORPO E ALMA COM RÚBIA RAQUEL

Hoje me lembrei de uma situação vivenciada por mim há mais ou menos três anos, quando me deparei em sala de aula com um aluno agressivo e indisciplinado. Não sabia o que fazer diante de tal rebeldia, usei autoritarismo e não funcionou, usei castigos e funcionaram menos ainda, até que decidi conversar. Pedi que ele ficasse no final da aula para termos uma conversa e sem hesitar, ele aceitou, então começamos a conversar.

Em meio a nossa conversa, questionei-o sobre sua violência com os colegas e ele me respondeu que fazia por que queria e que ninguém ia proibi-lo, então perguntei: “Você gostaria que fizessem com você o que faz com os colegas?” Ele simplesmente olhou para baixo e disse: “Tanto faz, apanhar aqui não faz diferença”.

Preocupei-me com aquele comportamento e depois de muitos questionamentos, ele não conseguiu segurar as suas lágrimas e disse: “Você acha que é fácil chegar em casa e não ganhar nenhum abraço de sua mãe? Ver ela abraçando e beijando seu irmão e lhe deixando de lado? Acha que é fácil saber que sua mãe não gosta de você?”
Nesse momento, eu parei e não sabia mais o que fazer. Me sentia pequena diante de um sofrimento expresso por uma criança que mostrava indisciplina só porque não se sentia amado.

Então, abracei-o, mas eu abraço foi rejeitado pelas palavras dele “não quero que tenha pena de mim”. Isso me doeu mais ainda, então respirei fundo e lhe propus um acordo “você começa a respeitar mais os seus colegas e com certeza sua mãe lha dará mais amor, talvez o que ela sinta seja apenas desgosto por receber tanta reclamação da escola”.

Ele parou e pensou um pouco, então aceitou o desafio, mas me disse que sabia que naquele mesmo dia receberia palmadas, pois ela sabia que quando ele chegava atrasado da escola era porque estava de castigo. Mas eu lhe disse que o deixaria em casa e conversaria com sua e assim fiz. Fui à casa dele e pedi desculpas à sua mãe, pois ele estava me ajudando a organizar um material na escola, por isso chegou atrasado em casa e parabenizei-a por ter um filho tão organizado.

No dia seguinte, o aluno mudou seu comportamento, começou a desenvolver hábitos de respeito e solidariedade e isso me fez ver o quanto ele era amável, só estava precisando de uma conversa.

Dias depois fui à casa de sua mãe e conversei com ela sobre o assunto, e mais uma vez presenciei lágrimas caindo no rosto de uma mãe cansada de receber reclamações, cansada de ouvir que seu filho era indisciplinado e sem saber mais o que fazer. Olhei para ela e disse: Dê amor e atenção ao seu filho, que o resto a vida lhe ensina. Tudo se resolveu e o meu aluno problema passou a ser um dos melhores alunos da turma.

Talvez o problema não esteja apenas no comportamento do aluno, mas na falta de atenção ou afeto que ele recebe em casa, por isso professores, vamos analisar a história de vida dos nossos alunos, vamos conhecê-lo além das tarefas escolares. Nossos alunos tem uma vida e muitas vezes, uma vida bem difícil para uma criança.

2 comentários:

Tia Rito disse...

Rubia estou te parabenizando pelo belo testemunho vivenciando por voce. Augusto Cury diz: Quando uma criança agride é porque esta sendo agredida. Continue descobrindo o que se passa no interior de cada um. Dom Helder Camara: A maior caridade que fazemos é escultar o outro. E te digo é a mais dificil de se praticar. Beijo Tia Rito

Anônimo disse...

teoria x prárica = descobertas