Mas uma vez a seca atormenta o
sertão nordestino. Isso está ocorrendo num ano em que todos os institutos de
pesquisas indicavam um ano com muita chuva no Nordeste e após vários anos com
índices de chuva acima da média. A seca é um fenômeno natural, porém, suas
consequências, estão mais relacionadas à ação antrópica.
É
comum ligarmos os noticiários e sair reportagens sobre animais morrendo de fome
e de sede no sertão nordestino, o que é um absurdo para os dias de hoje, com
tantos avanços tecnológicos. Absurdo porque, enquanto a média de chuva no
Nordeste é de 500 milímetros, em Israel a média pluviométrica é de torno de 250
milímetros, e o país é um dos maiores produtores mundiais de alimentos por
quilômetros quadrados. Isso ocorre devido à política desenvolvida pelo governo
israelense.
Nesses
anos que choveram bastante no Nordeste, poucas prefeituras aproveitaram os anos
de fartura para prepararem o município para supostas secas. Porém, essas que se
prepararam, criando obras de combate à seca, estão com certo alívio em relação
as que não realizaram as obras.
Dentre
essas obras estão as barragens submersas, a construção de cisternas, poços
artesianos e amazonas, o apoio à agricultura familiar, dentre outros.
A
construção de barragens submersas é uma das alternativas mais viáveis para o
Nordeste, pois, enquanto a média hídrica da região gira em torno de 500 milímetros,
a evaporação fica em torno de 2000 milímetros, com uma perda hídrica de 1500
milímetros. Enquanto que nas barragens emersas há um grande volume de perda de
água por meio da evaporação, essa perda nas barragens submersas é quase zero,
pois, como a água fica represada no subsolo, há pouca ou quase nenhuma
evaporação. Os municípios que investiram na construção de barragens submersas
aproveitaram os anos de chuva e hoje, nos lençóis freáticos, há água suficiente
para a população e os animais escaparem nesse período de estiagem.
A
construção de cisternas permitiu o acúmulo de água da chuva, evitando doenças
ao consumir água contaminada. A abertura de poços permite que o agricultor
realize o plantio por meio da irrigação. Porém, a maioria dos agricultores
irrigam suas plantações de forma irregular, ou seja, por meio da aspersão que,
além de consumir um grande número de água, contribui para degradar o solo por
meio da erosão e da retirada da matéria orgânica. O correto é a irrigação por
gotejamento. Esse tipo de irrigação consome pouca água e deixa a planta com
mais nutrientes.
O
incentivo à agricultura familiar é essencial, pois são os pequenos e médios
agricultores quem mais produz alimentos saudáveis para a população, diferente
das grandes propriedades comerciais que, além de produzirem para a exportação,
usam uma grande quantidade de agrotóxicos.
Porém,
nem tudo está perdido. Os prefeitos que já investiam nesses fatores citados
anteriormente devem investir cada vez mais, contribuindo para a melhoria na
qualidade de vida da população e na geração de emprego e renda. E as
prefeituras que não realizaram obras de prevenção contra a seca, o momento é
esse, em que as mesmas devem aproveitar as frentes de emergência que irão
surgir e investir em obras de combate das secas que virão no futuro.
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